terça-feira, 2 de setembro de 2008

Texto “A Imagem”, de Octávio Paz// Por Mariana Andrade

“A realidade poética da imagem não pode aspirar à verdade”. Para começar essa preleção, devo alertar que a lógica dialética que permeia a produção de textos acadêmicos não abrange, de acordo com o texto de Paz, o caráter múltiplo (e necessário) para englobar as significações acerca deste objeto de estudo. Com a imagem podemos interpor realidades contrárias fazendos-as dialogar entre si, ou seja, o ser e o não ser compartilham do mesmo espaço. Isso vai de encontro à distinção de idéias opostas que permeia o pensamento ocidental desde Parmênides. A imagem supre o vazio dos vocábulos. Podemos observar também que, para os orientais, a gramática do olhar, ou seja, a forma de encarar a imagem, toma seu significado como algo completo e complexo, compreendendo-a em sua completude.
Segundo o autor esse contraponto de realidades é possível atráves da poesia, onde uma palavra pode incorporar sem prejuízo a carga imagética da outra. Por isso a imagem, assim como a poesia pode “dizer o indizível” e ser ao mesmo tempo mensagem e referente. Como cifra da condição humana, descortina os mistérios da enigmática construção do ser daquele que a elabora e contempla a fim de apreender a completude da verdade.

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