segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Resenha do Filme “Arquitetura da Destruição”

por
Anike Lamoso
Alexandre Bulhões
Afonso Ferraz
Erlo Barbosa
Fabrício Silva
Mariana Andrade


Nos bastidores ideológicos da repressão fomentada pelos Nazistas na Segunda Guerra, apresentou-se uma arma que seria decisiva: a estética. Muito antes de adquirir um cunho político, o Nacional-Socialismo tinha como estandarte principal o embelezamento do mundo, com base nos padrões da Antiguidade Clássica. O precursor desta vertente, Adolf Hitler, considerava-a como um parâmetro de sociedade perfeita.
Hitler ambicionava ingressar no estudo das Belas Artes como pintor da Academia de Viena, além do desejo de se tornar um arquiteto. Tendo sido recusado, dedicou-se ao estudo de arquitetura, ópera e política. Dentre as suas principais influências destaca-se o compositor Richard Wagner de quem absorveu os ideais de anti-semitismo, mito do sangue puro e culto ao legado nórdico. Almejava repetir na Alemanha o mesmo império militarmente grandioso e artisticamente embasado nos ideais de perfeição greco-romanos, como o culto ao corpo que determinou, futuramente, as práticas de “eugenia” do regime alemão.
Eutanásia é um termo que significa ajudar alguém que sofre a morrer. Entretanto, para a medicina nazista significava mais do que uma forma de controle genético; era a arte da purificação racial. Recriar o novo homem a partir da eliminação de “raças indesejadas” como os judeus e aqueles que sofriam distúrbios físicos e mentais e da miscigenação característica dos tempos modernos (“arte como espelo da saúde racial”) e o embelezamento era diretamente vinculado à noção de limpeza. Tais objetivos não se davam apenas no âmbito biológico, mas também se refletiam na cultura; a arte moderna era tachada como arte degenerada e seus realizadores eram banidos dos domínios do Terceiro Reich. Hitler alegava que a arte bolchevique era o retrato da degeneração física e a classificava como perversão artística, fruto de mentes perturbadas.
Um dos maiores instrumentos de dominação popular do regime foi a propaganda Nazista. O apelo estético variava desde o incentivo à limpeza e organização do ambiente de trabalho à confiança no governo e na medicina alemã. Para Hitler, a ordem promoveria um despertar estético que dissiparia a luta de classes.
Os esforços de Hitler enquanto artista determinaram profundamente seu posicionamento político. Para cada local conquistado pela força bélica do Reich, o Führer se dedicava a projetos de mudanças arquitetônicas tão grandiosas quanto seu ímpeto de dominação e destruição cultural. Ambicionava ser o arquiteto-mor e líder de um novo mundo esteticamente perfeito, que teria extirpado qualquer intervenção que ameaçasse o legado ariano.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Contraponto crítico entre os textos da Folha de São Paulo e o de Carlo Ginzburg - Ticiano, Ovídio e Os Códigos da Figuração Erótica no séc. XVI.

Por Afonso Ferraz

Recentemente saiu uma noticia no jornal Folha de São Paulo sobre o professor Oswaldo Martins Teixeira, que ensinava numa escola particular do Rio de Janeiro e foi demitido por publicar em seu blog poemas eróticos. Tal atitude da escola nos remete à censura da igreja católica no XVI em relaçao às imagens eróticas da época. Podemos relacionar essa questão ao texto de Carlos Ginzburg “Ticiano, Ovídio e os códigos da figuração erótica no século XVI”. Ticiano e Ovídio eram também reprimidos e vistos como artistas vulgares, graças ao conteúdo erótico de suas obras. Isso mostra como, apesar de tanto tempo ter se passado, o moralismo e os preconceitos de outrora pouco mudaram, e hoje em dia ainda vemos o poder da censura agindo sobre a tão buscada e famosa "liberdade de expressão".

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Ticiano, Ovídio e os Códigos da Figuração Erótica no Século XVI




Diana e Acteon - Ticiano (1556-9)




Como atua uma imagem erótica? No seu texto, Carlo Guinzburg faz diversas reflexões sobre a natureza e os efeitos das imagens eróticas tendo como análise dentre outros, os trabalhos de Ticiano baseados em Ovídio. A discursão sobre essas imagens se tornou mais intensa no século XVI, quando se intensificou a atenção por parte da hierarquia católica.
Mas o que seria uma imagem erótica? Em tese uma imagem que se propõe a excitar sexualmente o espectador-fruidor. Nesse momento a questão dessas imagens se tornou preocupante para a Igreja tanto para controlar a visa sexual de modo minucioso, tanto por ela mesma servir de imagens para restabelecer uma relação com seus fiéis.
De acordo com o teólogo Politi, o comum entre as imagens eróticas e as imagens sacras era a sua eficácia, pois umas estimulavam o apetite sexual e outras a piedade religiosa.




Por Anike Lamoso

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ticiano, Ovídio e os códigos da figuração erótica no século XVI

Carlo Ginsburg trata no seu texto da relação igreja-imagens eróticas no séc XVI e XVII. Como já se sabe, o poder desta instituição sobre a sociedade da época era imenso, e se estendia até mesmo à vida sexual das pessoas. Sendo assim, a igreja impedia o acesso do público a qualquer imagem sacra de cunho erótico. Daí houve uma divisão entre imagens sacras e eróticas. Enquanto as primeiras, por causa da igreja, encontravam-se totalmente livres de qualquer elemento erótico, as segundas passaram a ser apreciadas apenas por nobres, geralmente de forma privada.

Define-se por imagem erótica qualquer imagem que, atravez dos elementos sexuais presentes na mesma (geralmente mulheres nuas), excita o espectador, que na época era composto em sua maioria por homens.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Em seu texto, Otávio Paz observa a diferença entre o pensamento ocidental - que desde Parmmênides, limita-se a procurar distinguir o que é do que não é - e o oriental, onde a verdade é vista como uma experiência pessoal, incomunicável, onde cada um deve experiência-la e entendê-la da sua maneira. "A doutrina nos mostra o caminho, mas ninguém pode percorrê-lo por nós".

Ao afirmar que "a imagem é a cifra da condição humana", o autor também afirma que esta é o caminho para de conhecer o póprio homem e a sua natureza. A imagem para ele é o impossível verossímil, diferente da linguagem científica, que é precisa e sem erros. A linguagem poética não diz o que é, e sim o que poderia ser.

Como exemplo da diferença entre as duas linguagens, Otávio Paz fala do quanto é estranho se ouvir pela primeira fez eu 1kg de pedras é exatamente igual a 1kg de plumas. Isso porque a imagem que se tem de uma pluma é a de um objeto extremamente leve, sendo portanto impossivel de se comparar em peso a uma pedra, cuja imagem é a de um objeto duro e pesado.

Texto “A Imagem”, de Octávio Paz// Por Mariana Andrade

“A realidade poética da imagem não pode aspirar à verdade”. Para começar essa preleção, devo alertar que a lógica dialética que permeia a produção de textos acadêmicos não abrange, de acordo com o texto de Paz, o caráter múltiplo (e necessário) para englobar as significações acerca deste objeto de estudo. Com a imagem podemos interpor realidades contrárias fazendos-as dialogar entre si, ou seja, o ser e o não ser compartilham do mesmo espaço. Isso vai de encontro à distinção de idéias opostas que permeia o pensamento ocidental desde Parmênides. A imagem supre o vazio dos vocábulos. Podemos observar também que, para os orientais, a gramática do olhar, ou seja, a forma de encarar a imagem, toma seu significado como algo completo e complexo, compreendendo-a em sua completude.
Segundo o autor esse contraponto de realidades é possível atráves da poesia, onde uma palavra pode incorporar sem prejuízo a carga imagética da outra. Por isso a imagem, assim como a poesia pode “dizer o indizível” e ser ao mesmo tempo mensagem e referente. Como cifra da condição humana, descortina os mistérios da enigmática construção do ser daquele que a elabora e contempla a fim de apreender a completude da verdade.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A Imagem - Octavio Paz

*Leitura feita por Anike Lamoso

O texto A Imagem de Octavio Paz analisa as imagens a partir de uma perspectiva histórica e poética. O autor faz uma analogia entre as visões de mundo ocidentais e orientais e onde essa diferença entre elas reflete na forma de encarar realidades e de observar as imagens em seu todo, numa forma poética.
Paz fala de como o mundo ocidental, desde Parmênides, têm sido o da distinção nítida e incisiva entre o que é e o que não é. Ele afirma que seria necessário um desenraizamento dessa concepção de "idéias claras e distintas". Já a cultura oriental observa as imagens e a realidade a partir de experiências próprias para a construção de cada verdade. Para os orientais o conhecimento não é transmissível em fórmulas ou raciocínios, a verdade é uma experiência própria vivenciada por cada um.
Além disso, o autor também mostra a relação entre o poder das imagens e das palavras. A imagem teria um sentido amplo dependendo da cultura e do conhecimento de mundo do observador, enquanto a mensagem escrita é mais limitada, é sentido disto ou daquilo.
A linguagem poética então seria a que mais se aproxima da linguagem das imagens, pois permite dizer o indizível, assim como apresentar diversas significações. A poesia, portanto, coloca o homem fora de si e não mesmo tempo o faz regressar ao seu ser original. A poesia é a imagem do homem contra ele mesmo.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A Imagem - Octavio Paz

Leitura (1) - Fabrício Carvalho:


O texto apresenta um percurso que visa uma abrangência do nosso conceito limitado de imagem.
Na literatura, quando realidades opostas são conjugadas em uma mesma situação, sendo essa desenvolvida em uma frase ou várias páginas, desse oposto compõe-se uma imagem. A imagem não é uma forma objetiva e está embutida nebulosamente na condição das figuras do texto.
É destacável essa linda citação do autor para a definição do conceito: "A imagem é cifra da condição humana". Cifra nesse sentido seria a explicação ou chave de uma escrita enigmática ou secreta. Nas circunstâncias que unem realidades confrontadoras, a imagem é a chave fornecida pelo texto do entendimento das emoções e sentimentos da figura literária, o personagem; ou também a própria sensação de tensão desencadeada no leitor.
Em segundo caso é abordado sobre os elementos da imagem na poesia. Como exemplo é dada a afirmação "pedras são plumas". Os elementos não perdem suas características que os distinguem, pois o poeta os nomeia. De acordo com a lógica, a realidade poética da imagem não pode aspirar a verdade pois a fusão dos contrários atenta contra os fundamentos do nosso pensar: "O poema não diz o que é e sim o que poderia ser." Porém os poetas afirmam que a imagem revela o que é; que recriam o ser.
Para auxiliar na fundamentação lógica a dialética criou um processo pelo qual a imagem se constituiria. Esse processo seria formado por três momentos: o da primeira realidade (tese), o da segunda realidade (antítese), e como resultado da contradição surgiria a nova realidade, a imagem. Porém a maioria das imagem não se adéquam ao processo sendo que se tratam de comparações e não de uma verdadeira identidade. Por exemplo: "pedras são plumas"- confere-se o caráter de leveza a pedra; "plumas são pedras" – confere-se o caráter de peso as plumas. Torna-se inviável a constituição de processos pela infinidade de possibilidades de construção da imagem. A imagem é a prova da impotência das palavras, já que nem a dialética é capaz de explicá-la em sua plenitude.
Assim surgiram outros sistemas lógicos como o de Lupasco pelo qual o primeiro termo depende do outro para se atualizar, mas mesmo assim não absolvem todas as imagens.
É tendência do modo de pensamento ocidental o estranhamento da equiparação dos opostos por uma necessidade constante de fundamento lógico. A busca constante pela verdade clara, pelos fatos.
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